Um testemunho? O que dizer? É muito pessoal, ao pensar nisto, várias experiências e lembranças se misturam: Lampejos de “sim”, tempos de “não”. Quando refletimos sobre nossa opção de vida, tocamos no tema das escolhas e isto é algo que muda o rumo de nossa história. A opção de servir a Igreja em qualquer vocação específica tem seus desafios, mas também suas belezas.
Partilho com vocês um pouco a minha história, sou a Irmã Ana Maria Rosa Caparelli, da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Consolação, atualmente moro na cidade de Guarapari – ES, vivo em uma comunidade de inserção pastoral social.
Desde a vivência de minha fé, o Senhor respondeu aos ideais mais profundos que trazia no coração com o texto bíblico de Is 40,1ss “Consolai, consolai meu povo, diz o Senhor”, um carisma atual e aberto a qualquer realidade de hoje, um carisma onde eu descubro onde Deus me chama a ser consolação. E desde a figura de Santa Maria Rosa Molas (minha fundadora), uma mulher que soube projetar com criatividade o carisma da Consolação no mundo de modo especial junto aos mais necessitados, aliviando o sofrimento e semeando esperança.
Sou muito feliz nesta família religiosa que com generosidade atualiza o carisma da CONSOLAÇÃO na Igreja. Desde minha consagração e deste chão que piso de maneira especial aqui nesta cidade de Guarapari, procuro viver o presente com realismo, compromisso e paixão, redescobrindo a cada dia a alegria de ser consolação e aprendendo a ler a realidade com o olhar terno e amoroso de Deus, que nos ama e nos chama a cada momento a oferecer o melhor que temos e abraçar compromissos mais profundos.
Há uma frase que particularmente gosto muito que diz, “nossa vida é um presente de Deus e o que fazemos dela é o nosso presente a Ele” tudo é dom e graça daquele que fez de sua vida uma entrega continua. Sou agradecida por este presente que o Senhor me deu, e procuro continuamente viver desde esta gratuidade, este exercício constante de atitudes oblativas que me leva em direção ao outro, libertando do meu pequeno eu e ampliando o coração para mais amar e consolar na missão confiada por Ele.
Afinal, quando alguém se desloca e se aproxima de realidade diferentes, é para encontrar, encontra-se e aprender. Somos chamados a aproximar da realidade que nos toca a vive com nossos sentidos bem abertos, para olhar, escutar, acolher, animar, consolar. Quando vivemos nossa vocação a partir da gratidão, os trabalhos “cansa” menos, “desgasta” menos. As dificuldades da caminhada com certeza encontramos pelo caminho, mas elas nos fortalecem, nos educa e nos lança para uma entrega mais livre e comprometida, é preciso saber esperar as demoras de Deus. O lugar em que estou é o lugar para fazer o discipulado, pois é o Senhor que me convida a descer a cada dia, hoje, amanhã e depois… porque Ele quer estar comigo.
Chamadas a ser Irmãs da Consolação – é ser um dom de Deus para a Igreja e para a humanidade, uma resposta de seu amor ao desconsolo de tantas pessoas. Como Santa Maria Rosa, nossa fundadora, estamos chamadas a seguir a Cristo Consolador, a encarnar na vida, a testemunhar e proclamar o mistério da Misericórdia e da Consolação que Ele nos revela, a sustentar a esperança dos pobres e anunciar o Reino, atraídas pela força de seu amor, responderemos com fé a este convite.
A mensagem que deixo para as jovens que se sentem chamadas é: não tenham medo de Jesus, de conhecê-lo, de escutá-lo, de segui-lo… não se fechem a este DOM, mas abram-se a novas experiências e vivências que as ajudem a encontrar sua vocação, busquem os meios, não estão sozinhas, temos uma multidão de fiéis, de homens e mulheres, que estão dispostos a ajudar neste caminho de discernimento e construção do seu projeto de vida.
As juventudes – “não fiquem na varanda olhando a vida, mergulhem nela. Jesus não ficou na varanda, mergulhou; não assistam à vida da varanda, mergulhem nela como fez Jesus, mas, acima de tudo, de um jeito ou de outro, sejam lutadores pelo bem comum, sejam servidores dos pobres, sejam protagonistas da revolução da caridade e do serviço” (CV n.174), porque “é dando que se recebe” e a melhor maneira de preparar um bom futuro é viver o presente com entrega e generosidade”. (CV n.178).
Que Nossa Senhora e São José, nos ensine a viver a alegria de ser consolação com uma vida mais evangélica e uma missão inseparável da vida. Um sonoral abraço!!!
Irmã Ana Maria Rosa Caparelli, NSC
*Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit – CV
Secretaria